Em nota a imprensa, o Planalto relatou que o gestor federal foi encaminhado à unidade de saúde por orientação médica
Legenda: O presidente deverá permanecer sob observação pelo período de 24h a 48h, não necessariamente no hospital.Foto: Alan Santos/PR
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deu entrada nesta quarta-feira (14) no Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília, onde realiza exames. A informação foi confirmada pelo Palácio do Planalto.
Em nota a imprensa, a Secretaria de Comunicação da República relatou que o gestor federal estava se queixando de soluços persistentes e, por orientação da equipe médica, foi encaminhado para a unidade de saúde.
Bolsonaro deve permanecer sob observação pelo período de 24h a 48h, não necessariamente no hospital. "Ele está animado e passa bem", detalha o comunicado.
O presidente deveria participar da Reunião do Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento da Pandemia da Covid-19, que estava prevista para as 8h, mas ela foi cancelada. O Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou uma nota informando cancelando a reunião entre os chefes de Poderes.
"Foi cancelada a reunião entre os presidentes dos Poderes Judiciário, Executivo e Legislativo que aconteceria nesta quarta-feira (14). O encontro será oportunamente reagendado", diz o comunicado.
Na noite desta terça-feira (13), Bolsonaro se queixou a apoiadores na porta do Palácio da Alvorada sobre os 11 dias de uma crise de soluço. O presidente também abordou a crise em uma entrevista à rádio Guaíba na semana passada.
"Peço desculpa a todos que estão me ouvindo, porque eu estou com soluço já tem cinco dias. Eu fiz uma cirurgia para implante dentário no sábado [3], já aconteceu comigo no passado, talvez, em função dos remédios que eu estou tomando, eu estou 24 horas por dia com soluço"
JAIR BOLSONARO
presidente da República
Na ocasião, o âncora da emissora aconselhou o gestor a levar um susto para se livrar dos soluços, então ele disse que, "por enquanto, não estou assustado com nada que acontece no governo".
O QUE É SOLUÇO?
"Soluço é uma contração abrupta do diafragma, que é o músculo da respiração, seguido de fechamento abrupto da glote, que é como uma tampinha que impede que a comida entre na traqueia. O fechamento abrupto da glote é que dá o ruído tradicional do soluço", explica o médico gastroenterologista clínico Ricardo Barbuti.
Entender esse processo ajuda a entender possíveis causas, diz o especialista.
"Qualquer músculo do nosso corpo precisa de um estímulo para contrair, e o diafragma não foge à regra, Quem dá estímulo para esse músculo contrair é o nervo frênico, que é um ramo de outro nervo importante, o nervo vago. Qualquer coisa que irrite o nervo frênico ou vago nesse trajeto até o diafragma pode dar soluço."
Segundo Barbuti, um dos fatores mais comuns é a doença do refluxo gastroesofágico, em que há uma irritação do esôfago. Bolsonaro já afirmou sofrer de refluxo. Outras causas também podem estar relacionadas, como um estímulo direto sobre o diafragma.
"Processos em que têm distensão muito grande do estômago podem fazer com que o fundo do estômago encoste no diafragma e isso gera soluço. É muito comum, por exemplo, soluço depois que come e bebe muito."
Ingerir líquidos muito gelados também pode levar a soluço, lembra o médico ao comentar os casos mais simples.
Estresse emocional, mudança de temperatura, aerofagia (quando a pessoa engole muito ar ao consumir alguns alimentos), consumo de bebidas com gás e álcool, por exemplo, também podem levar ao quadro, geralmente temporário, diz o otorrinolaringologista Geraldo Druck Sant'Anna, membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia.
Ele explica que o quadro costuma durar pouco tempo -às vezes, uma crise pode durar 48 horas. "E tem pessoas com soluço por mais tempo, o que faz com que tenha que entrar em investigação."
Nesse caso, diz ele, o soluço pode estar ligado a um quadro maior, como alterações no pescoço, no esôfago ou tireoide, além de alterações no sistema nervoso, metabólicas (como diabetes), problemas renais, uso de alguns medicamentos, entre outros.
"É uma série de situações que podem acontecer. Às vezes a pessoa faz uma anestesia geral e acorda com soluço, que pode ficar por algum tempo", exemplifica.
O caso deve ser avaliado em conjunto com o médico, por meio do exame do paciente e análise do histórico de saúde, dizem os especialistas, que evitam comentar o caso específico do presidente.
"De forma geral, após 48 horas, as pessoas procuram seu médico", afirma Sant'Anna, segundo quem a conduta e diagnóstico dependem de cada caso. "Não é uma receita de bolo, igual para todo mundo."
Para Barbuti, há possibilidade de haver relação com o uso de medicamentos, como citado por Bolsonaro, mas é difícil avaliar sem detalhes.
Segundo ele, alguns remédios podem ser usados para tratar o soluço ou o fator principal que levou a ele. "Se são secundários a uma doença, como refluxo, tratamos a doença e o soluço melhora."
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