Buscas por sobreviventes foram retomadas na manhã desta quarta-feira (16)José Leomar/SVM |
O trabalho de buscas por vítimas do desabamento do Edifício Andrea segue nesta quarta-feira (16), sem interrupções desde o primeiro atendimento à ocorrência, com o revezamento de equipes do Corpo de Bombeiros.
Às 9h50, os bombeiros ouviram um assobio. Era uma vítima se comunicando. Os militares então pediram silêncio total das pessoas no local. A pessoa soterrada está perto do caminhão estacionado ao lado do mercadinho atingido pelos destroços.
Os bombeiros deram início, ainda na madrugada, à retirada dos entulhos, que são levados por caminhões que acessam o local e cerca de 150 voluntários se revezam com auxílio no resgate e ajuda a vítimas.
VÍDEO MOSTRA SÍNDICA, PORTEIRO E TRABALHADORES DA REFORMA
Em nova imagens divulgadas nesta quarta-feira (16), é possível ver o momento exato que pessoas próximas ao prédio correm enquando o edifício desaba. No vídeo, identifica-se uma pessoa do lado de fora, e outras 5 correndo dentro das instalações do prédio. Das 5 pessoas de dentro do prédio, tem-se notícia apenas de uma delas: o porteiro e zelador do condomínio, Francisco Rodrigues da Silva, que correu no momento da tragédia e conseguiu sobreviver.
Em contato com nossa equipe, Francisco Rodrigues confirmou ser uma das pessoas que aparece no vídeo e revelou que as outras quatro pessoas são a síndica do Edifício Andrea, Maria das Graças, e três homens que trabalhavam na reforma do prédio, iniciada na segunda-feira (14), um dia antes do desastre. Até o momento, os bombeiros ainda não informaram sobre o paradeiro deles.
Em entrevista do Sistema Verdes Mares, o porteiro afirmou que foi uma "tragédia anunciada". " O prédio já vinha nos avisando que ia cair. Eu tinha medo e muitas pessoas também", afirmou. No vídeo, a sexta pessoa, que está sentado em uma cadeira na calçada, é o vigilante Vando Pereira. "Eu estava sentado lá trabalhando como eu sempre fico na frente do prédio. Ouvi um estalo grande. Quando eu olhei, já vi aquele poeiral. De repente estava tudo pelo chão, você não enxergava mais nada. Saí correndo e graças a Deus consegui sobreviver", disse em entrevista na terça-feira (15), logo após o desabamento do prédio. Vando trabalha numa loja que fica perto do edifício.
DADOS ATUALIZADOS E OFICIAIS DO CORPO DE BOMBEIROS
A primeira vítima foi um entregador de água que estava em um mercadinho atingido pelos destroços, conforme informação do Corpo de Bombeiros. A segunda morte é de uma mulher ainda não identificada. Ela foi encontrada na madrugada e ainda está sob os escombros.
3 mortes
7 seguem desaparecidos nos escombros
9 resgatados com vida
19 vítimas no total
QUEM SÃO AS PESSOAS RESGATADAS COM VIDA
1) Fernando Marques, 20 anos, foi o primeiro resgatado com vida dos escombros;
2) Antônia Peixoto Coelho, 72 anos. Estado de saúde é considerado grave;
3) Cleide Maria da Cruz Carvalho, 60 anos. Foi encaminhada para hospital com ferimentos no corpo. Quadro de saúde é estável;
4) Davi Sampaio, universitário do curso de Arquitetura de 22 anos. O jovem, que sofreu escoriações, fez selfie nos escombros e enviou para a família. Ele teve alta hospitalar na tarde desta quarta (16);
5) Gilson Gomes, 53 anos, trabalhava próximo ao local e estava no mercantil ao lado do prédio, no momento da desabamento. Ele quebrou as duas pernas e está internado no IJF;
6) Francisco Rodrigues Alves, 59 anos, porteiro e zelador do Edifício Andrea. Ele aparece correndo em um vídeo do momento do desabamento. Está internado no IJF;
6) Existem ainda mais 3 vítimas que foram resgatadas com vida, mas não há informações sobre a identidade delas.
CHUVA DURANTE RESGATE
Pela manhã, a chuva que caiu sobre a Capital diminuiu o ritmo do trabalho por alguns momentos mas, tão logo acabou, as equipes retomaram os trabalhos sobre os escombros.
Segundo um bombeiro, a chuva fraca não atrapalha o serviço e pode até ajudar, pois baixa a poeira e ameniza o calor. Se a precipitação for mais forte, contudo, é recomendado que o trabalho seja suspenso, porque há risco, inclusive, para a equipe de resgate.
DESABAMENTO: ENTENDA O QUE HOUVE
O Edifício Andrea desabou na manhã desta terça-feira (15), por volta das 10h28, no cruzamento da Rua Tibúrcio Cavalcante com Rua Tomás Acioli, no Bairro Dionísio Torres, em Fortaleza.
A Prefeitura de Fortaleza afirmou na tarde desta terça que o prédio foi construído de maneira irregular. Segundo a prefeitura, até o ano de 1995 existia uma residência no lugar do Edifício Andrea. O primeiro imóvel foi construído na década de 1970. A prefeitura revelou ainda que a construção irregular dos sete pavimentos é o motivo pelo qual não há registros oficiais do prédio.
O presidente do Conselho Regional de Engenharia do Ceará (Crea-CE), Emanuel Maia Mota, afirmou durante entrevista coletiva, que também não tem registro ou nome de um engenheiro responsável pela construção do Edifício Andrea.
“Aqui no Crea a gente está constituindo uma comissão que vai levantar informações acerca da responsabilidade, dos profissionais que estavam ali na nuvem, digamos assim, de serviços a serem executados, e vamos repassar isso para a Defesa Civil, para a perícia, enfim”, afirmou ele.
Emanuel Maia Mota disse também que foi registrada, uma Anotação de Responsabilidade Técnica informando uma reforma de recuperação de construções e pintura no Edifício Andrea, que ia custar R$ 22.200. O documento é exigido sempre que condomínios ou donos de casas vão fazer uma obra no imóvel.
Mota explica que a anotação entrou segunda-feira nos registros do Crea-CE em nome de um engenheiro que informava que uma reforma seria executada no prédio, sem especificar em que área seria esta obra.
Sobre a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), documento de registro da reforma, o presidente do Crea acrescentou que uma vez que o engenheiro faz o registro do serviço, ele se autodeclara responsável pelas obras.
"O engenheiro passa a assumir tudo após esse registro e quando ele faz de forma genérica, essa responsabilidade é muito mais ampla. Se ele tivesse descrito o que ele estava fazendo e que tipo de procedimento ia ser executado, as responsabilidades iam se restringindo. Dependendo da responsabilidade apontada pela perícia que será feita no local, no Crea ele pode responder à resolução 1090, que prevê a suspensão do registro profissional.
BLOG SINHÁ SABOIA/ FONTE: DN
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