quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Detento aprovado no Enem ensinava matemática dentro de presídio de Itaitinga

O preso, condenado a 9 anos de reclusão, espera liberação judicial para cursar Matemática na Universidade Federal do Ceará (UFC).

Unidade prisional CPPL em Itaitinga (FOTO: Reprodução)
Unidade prisional CPPL em Itaitinga (FOTO: Reprodução)
Caso não tivesse que cumprir nove anos de reclusão, o detento F.A.O. não tinha o que reclamar. Há dois anos e meio encarcerado no Instituto Presídio Professor Olavo Oliveira III (CPPL), localizado no município em Itaitinga, na Região Metropolitana de Fortaleza, o presidiário é um dos oito cearenses privados de liberdade classificados na primeira chamada do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) deste ano.
Condenado por tráfico de drogas, segundo ele sem culpa, o presidiário ficou entre os classificados para o curso de Matemática da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Em entrevista ao Tribuna do Ceará, o homem de 34 anos contou que se destacava pelo bom convívio e nos ensinamentos de matemática aos colegas. Segundo o presidiário, seus planos envolvem um futuro melhor para as filhas, que têm 7 e 14 anos. “A decisão de fazer essa prova foi a de provar que eu sou capaz de me dar uma vida melhor e, principalmente, de mostrar para as minhas filhas que todos são capazes de seguir um bom caminho e de mudar”, assinalou.
Entre aproximadamente 6 mil detentos, o futuro aluno da UFC conta emocionado o que espera para este ano. “Minhas expectativas são as melhores possíveis, porque essa é uma forma de mudar minha vida. Hoje, eu procuro plantar o melhor, pois eu sei que eu vou colher no futuro o que eu plantei hoje, independente do local onde eu esteja. Então, se eu quero mudar meu futuro, tenho que começar agora, e esse ano será de mudanças”, destaca.
“No Brasil não existe pena de morte. Mas, quando um cidadão que nunca foi um criminoso é condenado, é o mesmo que sentenciá-lo a pena de morte”. (Presidiário aprovado no Enem)
Faltando pelo menos seis anos para conseguir a liberdade, o detento afirma que não teve culpa no crime que foi condenado. “Eu estava no local errado na hora errada. Eu era taxista de táxi pirata e dois caras com droga foram fazer uma corrida. A polícia parou o carro e achou que eu estava com eles, me condenando por tráfico”, alegou.
Mas, para conseguir estudar, o interno depende de uma autorização judicial. No entanto, conforme a Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus), uma articulação está sendo feita junto a Defensoria Pública do Estado para garantir que os presos aprovados no Enem consigam se matricular e cursar normalmente. Para obter a autorização, o juiz responsável pelo caso deve avaliar todo o processo e identificar se o detento tem ou não condições para cursar ensino superior.

Por Matheus Ribeiro em Notícias


Um comentário:

  1. belo exemplo de capacidade que quando queremos com toda a dificuldade conseguiremos através de esforços.

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