O titular da 1ª Vara do Júri, o juiz Ely Gonçalves Júnior, decretou a prisão preventiva de um oficial e 43 praças denunciados pelo Ministério Público do Ceará (MP-CE) por participação na chacina da Grande Messejana, que deixou 11 mortos. A denúncia contra um dos oficiais, um tenente-coronel, não teria sido aceita pelo juiz e, consequentemente, ele não teria tido a prisão preventiva decretada. As informações foram confirmadas por fontes ligadas à investigação e ao processo, ouvidas pelo O POVO.
A prisão preventiva do grupo foi decretada nesta terça-feira, 30, às 16h, pelo colegiado especial designado exclusivamente para este caso, que inclui ainda os juízes Bessa Neto, da 1ª Vara de Execuções Penais de Fortaleza, e Adriana Dantas, da Vara Única Privativa de Audiências de Custódia. Desde então, os policiais estão se apresentando no 5º Batalhão da Polícia Militar (BPM). O POVO não teve acesso à lista dos policiais que tiveram as prisões decretadas.
A 1ª Vara não confirma oficialmente, visto que o caso corre em segredo de justiça. Em junho, O POVO antecipou a denúncia do MP-CE a 45 policiais militares e trouxe detalhes sobre a matança ocorrida no último dia 12 de novembro, nos bairros do Curió, Alagadiço Novo, Conjunto São Miguel e Messejana.
Segundo a investigação da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança (CGD), os dois oficiais teriam sido responsabilizados por omissão. Um deles não teria tido a denúncia acatada pelo juíz. Mesmo sabendo o que estava acontecendo naquele dia, o dos oficiais não teria se manifestado contra a situação que terminou com a execução de 11 pessoas.
Ameaça de paralisação
Policiais militares, inclusive oficiais, ouvidos pelo O POVO falaram sobre a possibilidade de paralisação em apoio aos PMs que tiveram as prisões decretadas. Segundo um oficial, que preferiu não se identificar, a categoria tem reclamado que a investigação esteja "se arrastando há muito tempo" e que as prisões foram decretadas por causa do momento político.
Mais de 50 pessoas, possivelmente policiais à paisana, que acompanhvaam a movimentação em frente ao 5º BPM, à espera da chegada dos PMs que tiveram as prisões decretadas, adentraram, por volta de 15h30min, o Batalhão. Carros com colchões têm chegado ao Batalhão.
De acordo com o relações públicas da Polícia Militar, coronel Andrade Mendonça, os policiais acusados vão se apresentar de forma espontânea ao longo do dia. O grupo ficará preso no 5º BPM. O coronel afirmou que a PM não se pronunciará sobre o caso.
Mortos na chacina da Grande Messejana:
Mortes registradas no Curió, à 0h20min
Álef Souza Cavalcante, 17 anos
Jardel Lima dos Santos, 17 anos
Antônio Alisson Inácio Cardoso, 17 anos
Mortes registradas no Alagadiço Novo, à 1h54min
Marcelo da Silva Mendes, 17 anos
Patrício João Pinho Leite, 16 anos
Mortes registradas no Conjunto São Miguel, às 3h33min
Jandson Alexandre de Sousa, 19 anos
Francisco Elenildo Pereira, 41 anos
Valmir Ferreira da Conceição, 37 anos
Mortes registradas na Messejana, às 3h57min
Pedro Alcântara Barroso do Nascimento, 18 anos
Marcelo da Silva Pereira, 17 anos
Renayson Girão da Silva, 17 anos
FONTE: O POVO
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