Policiais militares do Ceará realizaram a operação Tolerância Zero neste fim de semana. O objetivo era atender a todo tipo de ocorrência. Com o procedimento, que levou às delegacias até as ocorrências mais simples, a categoria quer, entre outros itens, pressionar o Governo pelo reajuste salarial ainda este ano e não parcelado como foi proposto por Camilo Santana (PT).
Na ação, casos que poderiam ser mediados pelos PMs foram levados aos distritos. Na Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA), por exemplo, foi registrado ato infracional de um jovem que teria matado um passarinho. Em outra unidade, houve apreensão de um indivíduo com um galo de briga.
Com a operação, o 34º Distrito Policial, na rua Princesa Isabel, no Centro, estava, na tarde de ontem, com todas as cadeiras ocupadas. Eram cerca de 50 pessoas aguardando atendimento — fosse para registrar boletim de ocorrência por perda de documento ou para pedir abertura de investigação de roubo de carro. Quatro viaturas estavam paradas do lado de fora, aguardando os PMs que acompanhavam os flagrantes.
A estudante Tainá Fernandes, 19, não aguentava mais esperar. Grávida de oito meses, ela foi com o marido, o operador de som Elizário Lima, 22, registrar o roubo de uma moto. Mesmo tento prioridade do atendimento, ela esperou três horas. “Eu entendo que eles querem reajuste, mas poderia ter mais respeito com as pessoas que esperam atendimento”, disse.
O delegado plantonista na unidade, Carlos Eduardo Pires negou, porém, que o movimento estivesse além do comum. Ele disse ter atendido, até as 17 horas, três flagrantes: um de uso de maconha e dois por roubo de celular.
Operação
O presidente da Associação dos Profissionais da Segurança (APS), sargento Reginauro Sousa, frisa que, com a operação, os procedimentos demoram, as delegacias superlotam e a Cidade acabe desguarnecidas de viaturas, porque elas estão com policiais acompanhando procedimentos. “Não estamos fazendo nada além de agir rigorosamente conforme a lei. Estão todos registrando muitos procedimentos, mas falta estrutura para dar conta de demandas dessa natureza e acaba que a Cidade fica sem policiais”, diz.
A assessoria de imprensa do Ministério Público do Ceará (MPCE) informou que deve haver, na manhã de hoje, uma reunião entre os promotores que atuam na área da Segurança Pública e Controle Externo com o procurador geral de Justiça, Plácido Rios, sobre a operação dos policiais militares. Após esse encontro, segundo a assessoria, o MPCE deve se manifestar sobre a ação.
Já a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) enviou nota dizendo que, tanto o policiamento ostensivo, realizado pela Polícia Militar, quanto o atendimento feito nas delegacias plantonistas seguiram normalmente ontem, “sem prejuízo para a população”.
SAIBA MAIS
Reivindicações
O governador Camilo Santana enviou, no fim de 2016, para a Assembleia, proposta para equiparação do salário de PMs e bombeiros à média do Nordeste. Isso, conforme o projeto, aconteceria com o aumento parcelado até 2018.
A categoria reivindica várias melhorias. Segundo a APS, porém, a concentração de reivindicações agora é o reajuste salarial.
Para o cargo de coronel, mais alto entre as patentes, por exemplo, pelo que foi proposto pelo Governo, o salário chegaria a R$ 15.300,08. A categoria diz que esse valor estaria defasado e pede R$ 20.675,22.
Já o salário para os soldados, o mais baixo entre as patentes, em 2018, chegaria a R$ 3.253,51, conforme o projeto do Governo. Pela proposta das associações, seria de R$ 4.642,28.
Após o movimento Tolerância Zero, os PMs darão cinco dias para o Governo se manifestar.
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