Advogado Hélio Leitão será substituído pela procuradora de Justiça Socorro França, controladora-chefe da Disciplina dos òrgãos da Segurança
Leitão não conseguiu impedir o alastramento do domínino das facções criminosas nas cadeias cearenses, nem implantou os bloqueadores de celular nos presídios |
Em meio a mais uma situação de turbulência nos presídios da Grande Fortaleza, o Governo Estadual anunciou, ontem (5), a exoneração do secretário de Justiça e da Cidadania, advogado Hélio Leitão. Ele será substituído pela atual chefe da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos da Segurança Pública e do Sistema Penitenciário (CGD), procuradora de Justiça Socorro França.
Leitão deixa o cargo no momento em que a Sejus enfrenta sérios riscos de uma nova onda de fugas, rebeliões e assassinatos nos presídios que fazem parte do Complexo Penitenciário da Região Metropolitana de Fortaleza, em face da “guerra” declarada nacionalmente por duas grandes facções criminosas, o Primeiro Comando da Capital (PCC) e a Família do Norte (FDN). Essa disputa pelo poder nas cadeias, em todo o País, deixou o saldo trágico de 60 morte em Manaus (AM), no último fim de semana.
Temendo que a “guerra” das duas facções faça grandes estragos também no Ceará, Hélio Leitão e sua equipe decidiram realizar, emergencialmente, uma mega-transferência de presos das Casas de Privação Provisória da Liberdade, as CPPLs, instaladas nos Municípios de Itaitinga e Caucaia. Desde a última terça-feira (3), mais de 950 presidiários já foram remanejados. O objetivo é isolar as facções em presídios distintos e, assim, evitar confrontos.
Ainda assim, na tarde da última quarta-feira (4), uma rebelião foi contida logo no seu início nas CPPLs 1, 2 e 3. A tropa do Batalhão de Choque da PM (BPChoque) e o Grupo de Apoio Penitenciário (GAP), agiram rapidamente, sufocando os motins e transferindo as lideranças das facções para presídios diferentes.
Gestão complicada
Ao longo de seus dois anos à frente da Sejus, o advogado Hélio Leitão enfrentou períodos difíceis na administração da massa carcerária estadual. O ápice da crise ocorreu entre os dias 21 e 22 de maio de 2016, quando os agentes penitenciários, responsáveis pela disciplina e vigilância interna dos presídios e cadeias públicas, deflagraram uma greve. Com a paralisação dos serviços prestados pela categoria, as visitas nas unidades foram suspensas e teve início a maior rebelião simultânea já ocorrida no Sistema Penal do Ceará. O resultado foi a morte de 14 presos e a destruição completa de cinco cadeias.
A crise só foi amenizada com a chegada ao Ceará da tropa da Força Nacional de Segurança (FNS), que aqui passou breve período e foi substituída, logo depois, por uma força-tarefa de agentes penitenciários de vários estados, vinda de Brasília.
Polêmico, Leitão responsabilizou a direção do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado pela devastadora rebelião simultânea nos cinco presídios e pediu ao Ministério Público Estadual (MPE) a responsabilização penal dos agentes pelas 14 mortes e destruição das cadeias.
Apesar de seus esforços, o secretário não conseguiu barrar o alastramento das facções criminosas no Sistema Penitenciário cearense (hoje controlado por quatro grandes grupos do crime organizado). E, junto com o governador Camilo Santana (PT), não obteve êxito na tentativa de instalação de bloqueadores de sinal de celular nos presídios.
Por FERNANDO RIBEIRO
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